O Exército dos Estados Unidos proibiu o uso da rede social de vídeos TikTok por considerá-la uma “ameaça cibernética”.
A regra marca uma mudança na abordagem da instituição militar norte-americana, que teria inclusive usado o aplicativo para encontrar recrutas – ao contrário do Brasil, os EUA não possuem alistamento militar obrigatório.
O TikTok é um produto da startup chinesa ByteDance. O aplicativo foi estruturado de modo a supostamente “separar” as versões do app usadas dentro e fora da China. Em seu país de origem, a rede social é conhecida como Douyin.
A proibição do uso no Exército dos Estados Unidos foi confirmada por uma porta-voz da instituição ao site “Military.com”, especializado na cobertura de assuntos militares. A Marinha e a Força Aérea dos EUA não se manifestaram.
Como a medida vale apenas para os aparelhos de trabalho, que são cedidos pelo governo, os soldados ainda podem instalar o aplicativo em seus smartphones pessoais. Aparelhos pessoais não podem ser usados para acessar informações restritas.
Críticas e relatório de transparência sem China
O crescimento do TikTok tem preocupado algumas autoridades e especialistas, que temem a possibilidade de intervenção chinesa na comunicação pela internet. Na China, todos os prestadores de serviços de internet são obrigados a cumprir ordens de censura do governo.
Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, aproveitou-se do tema para tecer críticas ao TikTok e destacar as medidas do Facebook para defender a liberdade de expressão. O Facebook sofre com bloqueios na China desde 2009.
Em outubro, congressistas norte-americanos também solicitaram que as agências de inteligência investigassem o TikTok. Como a resposta, a companhia vem reiterando sua independência em relação à China e reforçando operações administrativas em solo norte-americano.
No dia 30 de dezembro, o TikTok publicou um “relatório de transparência” semelhante aos publicados por outras empresas do ramo, como Google, Facebook e Twitter. Esse tipo de relatório detalha quantas solicitações de informações e remoção de conteúdo foram recebidas de cada país e serve como termômetro para a interferência governamental e censura.
Os dados do relatório são referentes ao primeiro semestre de 2019, de 1° de janeiro a 30 de junho.
Segundo o TikTok, os únicos países que registraram mais de dez pedidos de informação foram Índia (107), Estados Unidos (79), Japão (35), Alemanha (12) e Noruega (11). E nem todos eles tiveram retorno: dos 79 pedidos norte-americanos, por exemplo, 86% (68) foram atendidos.
Um pedido pode não ser atendido porque não está de acordo com alguma exigência legal ou porque as contas especificadas são inválidas, por exemplo.
O Brasil e a China não constam na lista. O relatório esclarece que os países não listados não enviaram nenhuma solicitação.
A ausência da China, país de origem do TikTok, causou estranheza. Normalmente, há mais envolvimento das autoridades de países nos quais um serviço é mais popular. É isso que explica os números elevados da índia no relatório, por exemplo.
Como o TikTok e o Douyin são tratados como produtos diferentes, pode ser tecnicamente verdade que a China não pediu informações nem removeu conteúdo do TikTok, porque esta versão da rede social não é oferecida no país asiático.
O relatório também revela que o TikTok recebeu 3.345 pedidos de remoção de conteúdo por infração de direito autoral e que 85% deles foram atendidos. O volume de conteúdo removido pela equipe de moderadores do serviço, por outro lado, não foi informado.
Fonte: G1