Laurent Simons é o garoto belga de poucas palavras, bochechas vermelhas, franja em cima do olho e QI de 145 que ganhou fama mundial por estar prestes a concluir a graduação de engenharia elétrica aos 9 anos de idade. Mas ele voltou a ser o centro das atrações nesta semana por outro motivo: abandonar a carreira. A notícia foi divulgada nesta segunda-feira (9) pela Universidade Tecnológica de Eindhoven, onde ele estava matriculado, e confirmada ao G1 pelo pai de Laurent, Alexander Simons.
Caso tivesse concluído o curso aos 9 anos, ele provavelmente conquistaria o título de mais jovem graduado do mundo, recorde do Guinness Book que, oficialmente, pertence a um americano desde 1994, que se formou em antropologia aos 10 anos.
“Laurent tem até os 10 anos e 6 meses” para bater o recorde atual, detalhou Alexander, em entrevista por telefone na tarde desta terça-feira (10). “Mas Laurent não liga para o recorde do Guinness. É legal ter, mas, se ele quisesse ser o primeiro, ele não teria tirado férias aos 8 anos”, continuou o pai do garoto.
“A questão é que esse não é o objetivo do Laurent. Não é como ganhar um prêmio Nobel. O cara que comeu um monte de hambúrgueres também está no Guinness” – Alexander Simons.
Disputa sobre a data de formatura
Ambas as partes deram o mesmo motivo para a decisão que as separou: os pais de Laurent queriam que ele concluísse o curso em dezembro, apenas dez meses após ele iniciar a graduação.
Já a universidade, em nota, afirmou que, do ponto de vista deles, o estudante precisaria de mais cerca de seis meses para fazer os exames restantes, e que poderiam concluir a carreira em meados de 2020, “um cronograma fenomenalmente rápido”, considerando que a graduação regular dura três anos.
“A universidade gostaria de ressaltar que, para o Laurent, nenhuma concessão foi feita em termos dos requisitos de qualidade para os estudos. Seu percurso de estudo cumpre as regulações de educação e avaliação do programa de bacharelado em engenharia elétrica” – Universidade Tecnológica de Eindhoven, em nota.
Segundo a nota, a diferença entre o garoto e os demais estudantes era a permissão para que ele fizesse as atividades práticas mais rapidamente e realizasse exames em datas distintas. “Isso, porém, não é incomum. Estudantes especiais, como os que praticam esporte de elite, podem ter um cronograma modificado se existem boas razões para isso.”
Da sua parte, Alexander afirmou que a universidade já havia concordado com o cronograma inicial, que se encerraria neste mês, mas começou a criar empecilhos e reduzir o ritmo depois de descobrir que a família havia aceitado um convite de uma das melhores universidades do mundo para que o garoto, após a graduação, fizesse um doutorado (PhD) lá.
“Ele já tinha quase terminado. Eu tenho e-mails, o cronograma dele, a faculdade dizendo que ele concluiria em dezembro. Quando o Laurent estava sozinho com eles, eles perguntavam com quem ele estava falando. Ele disse que nós iríamos para os Estados Unidos. Foi quando os problemas começaram a acontecer”, relatou o pai.
Segundo ele, o combinado de que Laurent fizesse os exames todas as sextas-feiras passou a ser descumprido pela universidade. “De repente, eles levaram três semanas para preparar o próximo exame. Se você fizer assim, claro que vai levar mais seis meses ou um ano para ele terminar.”
A universidade, por sua vez, afirmou que as portas seguem abertas ao garoto, caso os pais decidam acatar o cronograma. “Temos orgulho de dizer que nossa equipe, especialmente Peter Baltus, professor e mentor de Laurent, demonstraram muita dedicação em guiar e ajudar Laurent. Seus supervisores adoraram trabalhar com ele, não só por causa de seu enorme talento, mas também porque ele é um garoto muito amoroso e inquisitivo” – Universidade Tecnológica de Eindhoven, em nota.
Rumo aos Estados Unidos
Desde que o garoto chamou a atenção aos 8 anos, por ter sido aprovado em diversas universidades para cursar a graduação, a família de Laurent tem recebido diversos convites que podem moldar o futuro dele. Em 2018, os pais decidiram matriculá-lo na Universidade Tecnológica de Eindhoven, uma instituição holandesa que, segundo o ranking QS, é a 102ª melhor universidade do mundo.
“Escolhemos Eindhoven porque ficava nos Países Baixos, era conveniente para nós, não estávamos tão prontos para emigrar. E eles tinham a [empresa] Phillips, conversamos sobre uma colaboração com ela, eles têm muitos equipamentos de saúde, e o Laurent se interessa por isso”, explicou Alexander.
Desde que a notícia da graduação então iminente do menino rodou o mundo, porém, novos convites começaram a bater à porta. “Só hoje de manhã recebi convites de mais duas universidades”, disse o pai, que afirma não repassar todas as informações ao filho para blindá-lo do estresse excessivo.
No entanto, um dos convites recebidos recentemente era irrecusável: Alexander diz que o nome da instituição ainda é confidencial, mas que se trata de uma universidade dos Estados Unidos que está no “top 10” do ranking QS.
A princípio, o plano da família é se mudar de Amsterdã, nos Países Baixos, para a Antuérpia, na Bélgica, e reformar uma casa recém-comprada lá pelos próximos meses. A mudança para os Estados Unidos só deve acontecer a partir de março de 2020, para que Laurent retome e conclua o curso de graduação em engenharia elétrica na universidade americana – para isso, é provável que ele tenha que refazer alguns dos exames.
Em seguida, ele deve iniciar um doutorado (PhD) também em engenharia elétrica. Alexander ressalta que, por causa de seus talentos, a instituição o aceitaria para o programa de pós-graduação mesmo que ele tivesse apenas o diploma do ensino médio.
“Não tem a ver com diplomas. Ele diz que não quer nada até atingir seu objetivo, que é órgão artificiais, quantos ele conseguir. Ele quer estudar medicina, física, matemática, as matérias que ele acha serem necessárias para chegar a esse objetivo. Por enquanto, é engenharia elétrica, e ele vai conseguir o diploma.” – Alexander Simons, pai de Laurent.
Fonte: G1