Uma jovem de 21 anos, moradora em Ibaiti, afirma que foi brutalmente espancada por cinco seguranças durante a festa em comemoração ao aniversário do município, realizado em novembro. As agressões teriam acontecido na madrugada do dia 10, após uma confusão no espaço onde ocorreu o evento.
A jovem alega que, ao sair do banheiro junto com uma companheira, encontrou um homem urinando, que a teria desrespeitado e provocado, dando origem à confusão. A jovem afirma que na sequência chegaram os seguranças, que ao invés de acalmar a situação, lhe agrediram.
“O segurança já chegou me agredindo, e eu revidei e tentei escapar, mas nisso chegaram outros e começaram a me bater também. Ele me falou: já que você bate igual homem, vai apanhar igual homem. Foram vários minutos me batendo e só pararam quando viram sangue”, relata.
“Eu tenho 1,58m de altura e peso 52 quilos. Será que precisava apanhar de cinco homens? No começo talvez tivessem me confundido com um homem, pelo jeito de me vestir, mas depois perceberam que se tratava de uma mulher e continuaram me batendo até eu desmaiar. Segundo minha companheira me contou, porque eu ‘apaguei’ e não vi mais nada, depois de tudo ainda me arremessaram para fora da festa e me deixaram largada na calçada”, denuncia.
A jovem foi socorrida e encaminhada ao hospital do município, permanecendo inconsciente por aproximadamente duas horas. O resultado da confusão foi fraturas na patela do joelho e na clavícula, lesões nos dentes e o aparelho dentário quebrado, além de cortes e hematomas por todo o corpo.
“Fui vítima de homofobia! Pode até não ter sido a causa do começo de tudo, mas pelo meu jeito, pelas minhas roupas, com certeza o preconceito foi um fator a mais para as agressões”, acusa Rafaela, que também reclama da organização do evento e da falta de preparo dos seguranças.
A advogada da jovem classifica como “brutais” as agressões, a ponto de sugerir que houve uma tentativa de homicídio. “Foi uma agressão tão brutal que, a meu ver, passa de lesão corporal grave. A Rafaela já fez os exames de corpo de delito que comprovam a gravidade do caso, inclusive ela ficará com sequelas por conta da violência que sofreu”.
OUTRO LADO
A reportagem tentou contato com a prefeitura de Ibaiti para comentar as acusações, porém, o procurador jurídico, que seria o responsável para tratar o assunto, não foi encontrado.
Já a empresa contratada para trabalhar no evento nega veementemente que as agressões tenham partido dos seguranças e afirma que, caso fosse comprovada alguma responsabilidade, tomaria as devidas providências. “O que nos foi passado pelos seguranças é que houve uma confusão e que a Rafaela seria uma das pessoas envolvidas, que inclusive ela teria dado uma ‘voadora’ em outra pessoa que teria desmaiado, e nisso os seguranças chegaram para separar”, assegura um dos responsáveis da empresa que pediu para não ser identificado.
“Claro que se usa força em uma situação assim, mas se houve agressões foram durante a briga, e não por parte dos seguranças. Nossa empresa está há 22 anos no ramo, temos autorização da Polícia Federal e nunca tivemos um problema deste, mesmo atuando em praticamente todas as grandes festas da região. Seríamos os primeiros a tomar providências se tivesse qualquer prova contra nós, uma filmagem, ou qualquer coisa que mostrasse nossos seguranças cometendo alguma agressão, mas não tem, tanto que a própria polícia está ouvindo as pessoas para saber o que realmente aconteceu”, conclui.
INVESTIGAÇÃO
O delegado Pedro Dini Neto confirmou que as investigações estão em curso, mas refutou qualquer relação do caso com tentativa de homicídio. Segundo ele, um processo foi instaurado para apurar as denúncias e as testemunhas serão ouvidas para que as dúvidas possam ser esclarecidas e o caso ter andamento, sem ser possível, no momento, fornecer mais informações sobre o inquérito policial.
Fonte: Tanosite