O Papa Francisco criticou nesta quinta-feira (14) o acesso desigual aos alimentos em todo o mundo e lamentou a desaceleração na redução da pobreza extrema durante uma visita à sede da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), em Roma, na Itália.
O pontífice classificou como “perversa” essa tendência que, segundo ele, pode causar um desastre para a humanidade se não for remediado.
“Poucos têm demais e muitos têm pouco”, disse o papa argentino de 81 anos, durante sessão do conselho diretor do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola da FAO.
“Muitos não têm comida e estão à deriva, enquanto poucos estão se afogando em supérfluos. Esta tendência perversa à desigualdade é desastrosa para o futuro da humanidade”, disse o papa.
Ecoando as queixas de movimentos de protesto populares de todo o globo, Francisco lamentou que o ritmo da redução da pobreza extrema esteja desacelerando, “enquanto a concentração de riquezas nas mãos de poucos está aumentando”.
Na América Latina, o número de pessoas que vivem na pobreza extrema aumentou em 2017 e atingiu seu pico em quase uma década, apesar do aumento de gastos com políticas sociais, disse outra agência da ONU no mês passado.
“Elas vivem em condições precárias: o ar é ruim, os recursos naturais estão exauridos, os rios poluídos, o solo está acidificado”, disse Francisco a respeito dos mais desamparados do mundo.
Muitas vezes o papa já expressou seu apoio a metas da ONU para o combate à pobreza e à mudança climática.
O papa, que também se encontrou com representantes indígenas, disse ser “paradoxal” que muitas das mais de 820 milhões de pessoas que sofrem de fome e desnutrição morem em áreas rurais, onde a maior parte dos alimentos é produzida. O êxodo global de áreas rurais para urbanas é preocupante, acrescentou.
Fonte: G1