China acusa ex-presidente da Interpol de aceitar suborno

Ele pediu demissão da instituição no domingo

O ex-presidente da Interpol e vice-ministro chinês da Segurança Pública, que passou mais de 10 dias desaparecido, foi acusado por Pequim nesta segunda-feira, 8, de aceitar subornos. No domingo, o governo chinês anunciou que o primeiro presidente da chinês da Interpol era investigado.

“Meng Hongwei aceitou suborno e é suspeito de ter violado a lei”, afirma um comunicado do Ministério da Segurança Pública, sem revelar detalhes sobre as acusações ou sobre as condições e local de sua provável detenção.

No comunicado, o Ministério da Segurança Pública da China afirma a investigação “expressa claramente” a determinação do presidente Xi Jinping em sua luta contra a corrupção.

“Demonstra que ninguém está acima da lei, sem exceções. Quem viola a lei será seriamente investigado e severamente castigado”, completa o comunicado.
O governo não apresentou mais detalhes sobre as acusações, nem explicou se ele é acusado de ter recebido subornos por sua atuação na Interpol ou por suas funções ministeriais.

O texto ainda afirma que outros suspeitos de aceitar subornos ao lado de Meng, que foi nomeado no fim de 2016, serão investigados.

Meng, 64 anos, é o caso mais recente de alto funcionário chinês a cair pela campanha contra a corrupção iniciada por Xi Jinping desde que chegou ao poder no fim 2012. A campanha, popular na opinião pública, atingiu mais de 1,5 milhão de dirigentes e muitos suspeitam que é utilizada para eliminar opositores internos na mira de Xi.

Mas o caso de Meng, que subiu no aparelho de segurança quando este era comandado por um rival do presidente Xi, é inédito em uma grande instituição internacional.

O rival de Xi, Zhou Yongkang, cumpre pena de prisão perpétua depois de ter sido condenado em 2015 por corrupção, abuso de poder e divulgação de “segredos de Estado”.

Saída da Interpol

As autoridades francesas e a Interpol iniciaram na sexta-feira, 5, uma investigação por causa do desaparecimento de Meng, que viajou da França para a China.

O primeiro presidente chinês da Interpol foi visto pela última vez em 25 de setembro quando deixava Lyon (França), sede da força internacional.

Ainda no dia 25, ele fez um último contato com a mulher Grace Meng. Meng enviou uma mensagem dizendo: “Espere por minha ligação”. Quatro minutos depois, ele enviou a imagem de uma faca, como um sinal de que estaria correndo perigo, na interpretação da mulher.

No domingo, 7, a Interpol recebeu uma mensagem em que ele renunciava ao cargo de presidente da instituição. Ele será substituído temporariamente pelo sul-coreano Kim Jong Yang, até que um novo presidente efetivo seja escolhido numa reunião prevista para novembro.

A demissão brutal do comandante da Interpol pode complicar os esforços da China para ter uma representação maior em organismos internacionais. Porém, ela representa também um revés para a organização de cooperação policial Interpol.

Interpol

A Interpol tem entre suas atribuições procurar criminosos de vários países a partir de alertas vermelhos. Atualmente, a instituição tem 192 países membros.

Meng Hongwei foi eleito presidente da Interpol em 2016, em assembleia-geral da organização em Bali, e seu mandato iria até 2020.

O comando da Interpol é dividido em duas frentes pelo presidente e pelo secretário-geral, Jürgen Stock. O secretário-geral cumpre expediente na sede, em Lyon, e acompanha o dia a dia da Interpol e das políticas de cooperação internacional em tempo integral.

Já o presidente não precisa ter dedicação exclusiva à Interpol, por isso, Meng podia acumular o cargo de vice-ministro de segurança pública do governo chinês.

Fonte: G1

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