Como Chester Bennington buscava manter Linkin Park relevante

Ultimo passo antes de morrer foi disco mais pop com menos peso

A última cartada da carreira de Chester Bennington antes de sua morte foi um disco que buscava manter o Linkin Park relevante após a decadência do nu-metal e a baixa de popularidade do rock em geral. “One more light” saiu em maio deste ano. É o disco mais pop e menos pesado deles.

A velha receita vencida do rock-rap foi para as cucuias. O sétimo álbum, 17 anos após a explosiva estreia, acenava para EDM à la Skrillex (“Sorry for Now”), grime do inglês Stormzy (“Good Goodbye”), pop alternativo feminino (“Heavy”, com Kiiara) e eletrônica emotiva tipo Chainsmokers (“Invisible”).

A recepção da crítica foi ruim. A “Classic Rock Magazine” disse que o o disco “fazia Ed Sheeran parecer Eletric Noise Terror (banda de grindcore)” e deu nota 2 em 10. De início, dá para entender a bordoada como merecida. “One more light” parece, sim, uma corrida com muita sede ao pop.

Mas o show para 40 mil pessoas no Brasil, também em maio, mostrou a busca de Chester sob outra perspectiva: do público, que sempre foi muito mais favorável ao Linkin Park.

A apresentação foi corajosa e retirou guitarras até de hits antigos. Mesmo assim, bateu de longe outros shows como Prophets of Rage e Slayer.

A banda fez um show cheio de músicas novas. A ironia de “Heavy”, meio electropop e nada heavy, mostrou bem a intenção da nova fase – e foi aprovada no festival de metal. O peso, claro, estava na tensão da música, não nos pedais de bumbo e distorção.

Outra provocação: um dos maiores hits das antigas, “Crawling”, veio em versão voz e piano. A emoção ficava toda no gogó de Chester. A intenção, de novo, ficou clara: o nu-metal passou, mas a música e a voz ficaram.

Chester Bennington traduziu a angústia adolescente de uma geração, e criou uma conexão cuja força era visível ali. A grande base de fãs, que já sabia cantar vários refrãos novos, não deu nenhuma brecha a um possível estranhamento metaleiro.

Para quem foi ao show, é legal ver que o último clipe, lançado duas horas antes da notícia da morte de Chester, tenha sido com imagens da turnê. “Talking to myself” tem uma vibe meio pop oitentista e um “uuu” no refrão que não caberiam nos primeiros discos.

Não está entre as melhores coisas que eles já fizeram. Mas ao lembrar a justa tentativa de mostrar que eles eram mais do que uma fórmula, com resposta positiva naqueles shows, é um final bonito.

Fonte: G1

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